Publicado por: Alexandre Malhado | 17-05-2014

Agora é, talvez, nunca mais

Há anos eu digo que o fundamentalismo um dia baterá à nossa porta e nos fará correr ou morrer pelos nossos Deuses. Há anos eu alerto sobre o avanço preocupante de uma turba ignorante, ávida por milagres e ansiosa pela salvação e pela prosperidade prometidas por mercenários da fé que os enganam sem sequer precisar disfarçar seus esquemas ou seu intento em transformar nosso país numa teocracia capaz de engendrar a nossa própria versão do holocausto, onde morrerão os filhos dos Deuses enquanto aplaudem as ovelhas insanas, de olhos injetados e corações corrompidos pelos valores distorcidos que professam e pelo ódio que cultivam em seus corações.

Há anos eu aponto, aqui e ali, os sinais dessa onda de ódio que ameaça não apenas nossa fé e nossas famílias, nem apenas o conceito sagrado da diversidade que está presente em todas as correntes de religiões da terra, mas o nosso próprio direito à vida. Há anos alguns poucos concordam comigo, metade por educação ou amizade, talvez, mas a maioria apenas leu e esqueceu. Quem sabe até porque imaginar uma realidade tão devastadora em nosso futuro seja algo difícil demais de se lidar?

Quem sabe… e sinceramente? Queria eu estar errado.

Hoje em dia temos fundamentalistas trabalhando ativamente no legislativo para criar leis a fim de nos tirar direitos, e se isso já não é horrível o bastante para que as pessoas acordem logo, cai o judiciário ante à crença do ódio, e o momento de fazermos algo, que antes era o “agora“, pode talvez até mesmo ser o “nunca mais“. Estamos olhando o mundo afiar as armas e mirar nossas gargantas enquanto ou nos digladiamos em nome de “títulos” e “verdades” ou nos sentamos calmamente esperando que outros travem nossas próprias lutas. Vivemos acorrentados pela indolência ou pela egolatria ao invés de trabalharmos ativamente ao menos pelos nossos direitos.

Agora talvez seja nunca mais, mas enquanto o sangue pulsar em nossas veias, o agora é sempre o momento de nos unirmos contra qualquer intolerância que tente justificar, a qualquer prazo, a nossa opressão. Paremos de perder tempo e deixemos de ficar marinando em nossos próprios umbigos comodismos para não sermos servidos como banquete de sacrifício a fim de atrair mais e mais consumidores para uma indústria da fé vazia, intolerante, e que não tem nada em comum com os ensinamentos do livro em que se diz basear, porque quando a faca deles estiver amolada, nem a rede, nem a poltrona, nem o manto nem o conhecimento servirão de escudo para o ódio que verterá nosso sangue no solo que dizemos considerar sagrado.


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